
Lembro-me perfeitamente do dia em que vi aquelas duas linhas no teste de gravidez. Meu coração disparou de alegria, mas logo depois veio uma avalanche de preocupações: “Como vou me sustentar durante a licença? Tenho direito a algum benefício? Quanto tempo posso ficar afastada do trabalho?” Se você está passando por isso agora, quero que saiba que não está sozinha. Eu passei por essa jornada e hoje vou compartilhar tudo que aprendi sobre auxílio maternidade para que você tenha tranquilidade neste momento tão especial.
O auxílio maternidade é muito mais do que um simples benefício – é um direito fundamental que protege você e seu bebê durante um dos períodos mais importantes da vida. Quando falo sobre isso, me refiro principalmente ao salário-maternidade, mas também incluo outros benefícios que podem fazer toda a diferença no seu orçamento familiar.
Esse benefício existe para garantir que você possa se dedicar integralmente ao seu bebê nos primeiros meses de vida, sem se preocupar com questões financeiras. É uma forma de a sociedade reconhecer a importância da maternidade e oferecer o suporte necessário para esse momento único.
Muitas mulheres perdem benefícios simplesmente por não saberem que têm direito a eles. Outras descobrem tarde demais e enfrentam burocracias desnecessárias. Minha missão aqui é evitar que isso aconteça com você.
O salário-maternidade é o benefício mais conhecido quando falamos de auxílio maternidade. Ele garante que você continue recebendo uma renda durante o período em que estiver afastada do trabalho para cuidar do seu bebê.
Praticamente todas as mulheres que trabalham têm direito a este benefício, mas vou explicar cada situação:
Trabalhadoras com carteira assinada: Se você tem carteira assinada, o direito é automático. Não precisa ter contribuído por um tempo mínimo específico – basta estar trabalhando quando engravidar ou quando o bebê nascer.
Trabalhadoras avulsas: Quem trabalha como avulsa (por exemplo, no porto) também tem direito imediato, desde que esteja registrada no momento do nascimento.
Empregadas domésticas: As domésticas com carteira assinada têm os mesmos direitos das outras trabalhadoras.
Contribuintes individuais e facultativas: Aqui existe uma regra especial. Você precisa ter contribuído por pelo menos 10 meses antes do parto. Mas não se desespere se não atingiu esse prazo – existem exceções para casos de parto prematuro.
Seguradas especiais (trabalhadoras rurais): Precisam comprovar pelo menos 10 meses de atividade rural.
Desempregadas: Sim, mesmo desempregada você pode ter direito! É preciso estar dentro do “período de graça”, que pode durar até 12 meses após perder o emprego (ou mais, dependendo de quanto tempo contribuiu).
O valor que você vai receber depende da sua situação profissional:
Para empregadas com carteira assinada: Você recebe o valor integral do seu salário, sem descontos. Se ganha R$ 3.000, vai receber R$ 3.000 durante toda a licença.
Para contribuintes individuais e facultativas: O valor é calculado com base na média das suas 12 últimas contribuições. Se contribuiu sempre com o valor mínimo, vai receber um salário mínimo (R$ 1.412 em 2024).
Para trabalhadoras rurais: Recebem um salário mínimo.
Para empregadas domésticas: Assim como as empregadas com carteira assinada, recebem o valor integral do salário.
Vou te ensinar exatamente como fazer o pedido, porque sei que a burocracia pode parecer assustadora no início.
Sua vida será mais fácil neste caso. O próprio empregador se encarrega de quase tudo:
Se você não tem carteira assinada, precisa fazer o pedido diretamente:
Online pelo Meu INSS:
Pelo telefone 135: Funciona de segunda a sábado, das 7h às 22h
Presencialmente: Vá a uma agência do INSS (só se realmente precisar, pois é mais demorado)
Separe estes documentos com antecedência:
A licença-maternidade no Brasil é de 120 dias (4 meses). Esse período pode ser dividido da seguinte forma:
Você pode escolher começar a licença até 28 dias antes da data provável do parto. Muitas mulheres preferem começar uns dias antes para descansar e se preparar melhor.
Se o bebê nascer antes do previsto, não se preocupe – você ainda terá direito aos 120 dias completos a partir do nascimento.
Se sua empresa faz parte deste programa, você tem direito a 180 dias (6 meses) de licença! É uma extensão de 60 dias que faz toda a diferença para o vínculo com seu bebê.
Para ter esse benefício estendido, você precisa solicitar até o final do primeiro mês após o parto.
A vida nem sempre segue o roteiro que planejamos, e a lei prevê proteção para diversas situações:
Quem adota também tem direito ao salário-maternidade! A duração depende da idade da criança:
Esta é uma situação delicada, mas você tem direitos garantidos. Se o aborto acontecer após 23 semanas de gestação, você tem direito aos 120 dias completos de salário-maternidade.
Se acontecer antes desse período, você tem direito a 14 dias de afastamento remunerado.
Quando o bebê nasce com alguma deficiência, você pode ter direito a uma prorrogação da licença por mais 15 dias, mediante avaliação médica.
Além do salário-maternidade, existem outros benefícios que podem te ajudar:
Se você ganha até R$ 1.819,26 por mês, tem direito ao salário-família de R$ 62,04 por filho menor de 14 anos. É pouco, mas todo dinheiro ajuda no orçamento familiar.
Você não pode ser demitida sem justa causa desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto. Essa proteção é fundamental para sua segurança financeira.
Após voltar ao trabalho, você tem direito a dois períodos de 30 minutos cada (ou um período de 1 hora) para amamentar, até o bebê completar 6 meses.
Durante a licença-maternidade, você continua recebendo os benefícios que já recebia, como vale-transporte e vale-refeição.
Ao longo dos anos, vi muitas mulheres perderem benefícios por pequenos descuidos. Quero evitar que isso aconteça com você:
Se você é autônoma ou contribuinte individual, não atrase as contribuições. O atraso pode comprometer seu direito ao benefício.
Crie uma pasta específica para documentos da gravidez. Inclua:
Para empregadas com carteira assinada, comunique o empregador com 28 dias de antecedência. Para outras situações, faça o pedido assim que o bebê nascer.
Se fez o pedido pelo Meu INSS, acompanhe regularmente o andamento. Qualquer problema ou documento em falta deve ser resolvido rapidamente.
Não. Se você trabalhar durante a licença, perde o direito ao benefício. A licença existe justamente para que você se dedique exclusivamente ao bebê.
Cada gravidez gera direito a uma nova licença-maternidade. Não há carência entre uma licença e outra.
Sim! Muitas mulheres “emendaram” a licença-maternidade com férias para ficar mais tempo com o bebê. Converse com seu empregador sobre essa possibilidade.
O pai tem direito à licença-paternidade de 5 dias (ou 20 dias se a empresa participar do Programa Empresa Cidadã). Em caso de morte da mãe, o pai pode receber o salário-maternidade pelo período restante.
Algumas mulheres têm medo de falar sobre a gravidez no trabalho. Lembro que você tem proteção legal – é melhor comunicar oficialmente para garantir seus direitos.
Existe prazo para solicitar o salário-maternidade. Para empregadas, o prazo é de até 5 anos. Para outras situações, pode ser menor.
Mantenha seus dados sempre atualizados no INSS. Telefone, endereço e conta bancária desatualizados podem atrasar o pagamento.
Durante a estabilidade gestacional, não aceite propostas de “acordos” para deixar o emprego. Seus direitos estão garantidos por lei.
Vou te ensinar a fazer uma estimativa do que você vai receber:
É simples: você vai receber exatamente o valor do seu salário atual, multiplicado por 4 (se ficar 120 dias) ou por 6 (se a empresa oferece licença estendida).
Exemplo: Salário de R$ 2.500
Some suas 12 últimas contribuições e divida por 12. Esse será aproximadamente o valor mensal que você receberá.
Exemplo: Se contribuiu sempre com R$ 300 por mês
Como o valor do auxílio maternidade pode ser diferente do seu salário habitual (principalmente para autônomas), é importante se planejar:
Tente juntar pelo menos o equivalente a 2-3 meses de gastos básicos antes do bebê nascer. Isso te dará tranquilidade para curtir a licença.
Se você tem dívidas mensais altas, considere renegociar antes da licença. Muitas empresas oferecem condições especiais para gestantes.
Se sua empresa oferece plano de saúde, vale-refeição ou outros benefícios, continue aproveitando durante a licença.
Nosso país tem evoluído nas políticas de proteção à maternidade, mas ainda há muito a melhorar. Países como Suécia oferecem licenças de até 480 dias, enquanto aqui temos 120-180 dias.
Existem projetos em tramitação no Congresso para ampliar a licença-maternidade e criar novos benefícios. Ficar informada sobre essas mudanças é importante para garantir que você tenha acesso a todos os seus direitos.
Se surgir qualquer dúvida sobre seu auxílio maternidade, você tem várias opções:
Chegamos ao final desta jornada informativa, e espero que você esteja se sentindo mais segura e confiante sobre seus direitos. O auxílio maternidade não é um favor que o governo faz – é um direito seu, conquistado após décadas de luta por melhores condições para as mães brasileiras.
Quando eu estava grávida pela primeira vez, sentia uma mistura de alegria e ansiedade sobre o futuro financeiro da família. Hoje, depois de ter vivido essa experiência e ajudado tantas outras mães, posso te garantir: você tem direitos sólidos e um sistema que, apesar das burocracias, funciona para proteger você e seu bebê.
O mais importante é que você não deixe de solicitar seus benefícios por medo ou desconhecimento. Cada real do auxílio maternidade é seu por direito, e esse dinheiro fará diferença real na vida da sua família.
Lembro também que a maternidade é muito mais do que questões financeiras. É sobre criar vínculos, sobre descobrir uma força que você nem sabia que tinha, sobre fazer parte da mais antiga e bonita tradição da humanidade. O auxílio maternidade existe justamente para que você possa viver essa experiência com tranquilidade e plenitude.
Se ainda ficou alguma dúvida, não hesite em buscar orientação nos canais oficiais que mencionei. E lembre-se: você não está sozinha nessa jornada. Milhões de mães brasileiras já passaram por isso, e todas nós estamos torcendo pelo seu sucesso e pela felicidade da sua família.
Seus direitos estão garantidos. Agora é hora de curtir essa fase única e especial da sua vida, sabendo que você tem todo o suporte necessário para cuidar do seu bebê com amor e tranquilidade.